
(Depois de pôr o interior de rastos com o encerramento de tudo e mais alguma coisa, chegou a vez dos Tribunais.
Também a Justiça se afasta assim das regiões mais desertificadas. É o convite à resolução de conflitos à moda antiga: ao murro, à paulada e ao tiro!)
O Governo vai encerrar bastantes Tribunais no interior do país. A justificação é mesma de sempre: falta de movimento que justifique a continuidade. Assim, consuma-se a estratégia Central de fazer regressar o interior à idade da pedra. Fecham-se as maternidades para que as mulheres vão parir no meio do milho; fecham-se os hospitais para que os doentes regressem às mesinhas, às bruxas e aos indireitas; fecham-se as escolas para que as crianças aprendam de pai para filho, sacho numa mão e copo no outro. Agora, a sentença caiu mais uma vez como uma trovoada – sim!, porque este Governo não sabe tomar uma medida sem primeiro fazer cair Carmo e Trindade e pôr as populações em pânico (aterrorizá-las é o termo).

Os Tribunais são tão necessários como todos os outros serviços, se não, mais. Contudo, o Governo, por causa de mais um dos tais estudos que encomenda não se sabe bem a quem, chegou à conclusão que muitos destes Tribunais deveriam encerrar por não terem movimento que justifique a sua continuidade. Já disse mais do que uma vez, que, caso se façam estudos sobre as frequências de atendimentos no interior, e basta apertarem as bitolas só um pouquinho, e nada por cá resistirá. Tudo se fechará. Portanto, o Governo escusava de gastar dinheiro nesses estudos e mais valia encerrar tudo quanto por cá há. Mas a questão dos Tribunais é diferente dos restantes serviços. E porquê?
Ora, caso um determinado Tribunal não apresente movimento de processos que justifique o número de juízes, de funcionários e a extensão de instalações que possui, o remédio é fácil: é redimensioná-lo à medida das necessidades.
Ou seja: reduzir o número de juízes para darem conta do serviço que há, igualmente dos funcionários.
E pegar neste pessoal que em determinado Tribunal está a mais, e colocá-lo noutro onde seja mais necessário.
E se as instalações são demasiadas para a actividade processual de um Tribunal pequeno, rentabilizem-nas, isto é, determinem fisicamente um espaço autónomo para a actividade do Tribunal, e as instalações que sobrarem podem colocá-las à disposição das autarquias, de associações culturais ou cívicas, de escolas, com ou sem renda que é coisa a estudar-se caso a caso e em regulamento próprio. Pode até pensar-se em alugar instalações a privados (porque não), mediante certas regras. Porque não rentabilizar as instalações excedentárias? Não é hoje que se fala a torto e a direito na questão das boas e más gestões? Então, porque não optar por uma boa gestão do património público?
O encerramento puro e simples, para além de ser mais uma falta de respeito para com as populações, traduz também uma certa forma de governar, estilo terra-queimada, fazendo-se ouvidos surdos ao diálogo e às soluções alternativas que, nestes casos, sempre aparecem.
O encerramento do Tribunais é, assim, mais um passo no retrocesso a que estão a condenar o interior. Não tardará muito, e as questões litigiosas, os conflitos, as desavenças, voltarão a serem resolvidas à moda antiga, como no tempo em que o pau e a pistola eram a lei. Não se admirem, pois, que dentro em breve se ouça nos telejornais que fulano abriu a cabeça de sicrano por causa de uma dívida, que beltrano matou albano por uma demarcação de terras, que germano espetou a navalha em menano por via de um insulto. Os tribunais passarão para a rua, para a justiça popular, para os ajustes de contas, para o remoer ódios antigos, para as tocaias de vingança. E todo um trabalho civilizacional que, durante os últimos 50 anos, estes Tribunais tiveram na socialização da conflituosidade como questão tratada racionalmente e onde só a força da argumentação teria lugar, irá por água abaixo. Um homem está doente, quase a cair de morto, e evita ir ao hospital só porque este fica lá nos confins do concelho vizinho, quanto mais pagar léguas de táxi para ir apresentar processo ao Tribunal da sede do concelho!

E que a mesma sensatez aconselha a que se faça o mais lógico: redimensionar.
Mas nos tempos que correm, não sei se a tal sensatez a que se apela todos os dias, será bem atendida por quem de direito. Esta gente está numa de fechar, e pronto!
Este Governo parece-se cada vez mais com uma Comissão Liquidatária.
Por Francisco Gouveia, Eng.º «in notíciasdodouro»
2 comentários:
SIMLESMENTE BELO E ESPECTACULAR O TEU BLOGUE MANELA. FICAMOS FASCINADOS. QUE BOM TER UMA AMIGA COMO TU* DESEJOS DE MUITA SORTE QUE TU BEM MERECEES... PAGASTE JÁ BEM CARO O ERRO QUE COMETEESTE E TU MAIS DO QUE NUNGUÉM JÁ MERECES SER FELIZ. ÉS UMA GRANDE MULHER NA VIDA DE QUALQUER HOMEM QUE SE DIGNASSSE DE O SER. UMA GRANDE SENHORA E UMA GRANDE MÃE. PARABÉNS PELO VALOR QUE TENS E QUE TU NEM SEMPRE RESPEITAS. BEIJOS DA GABI E DO FRANCISCO
ERRO QUE QUALQUER JOVEM DE 20 ANOS NAQUELA ALTURA COMETERIA. MUITAS COMETERAM NÃO PENSES QUE FOSTE A ÚNICA. SÓ QUE NEM TODAS CONSEGUEM PORQUE POUCAS OU QUASE NENHUMA TERIA TIDO A TUA FORÇA E A TUA CORAGEM. ATÉ BEREVE AMIGA. ESPERAMOS TENHAS GOSTADO DA SURPRESA. CONTA CONNOSCO SEMPRE QUE PRECISARES DE ALGUMA COISA. ELSA E FRANCISCO
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