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sábado, 10 de março de 2007

100 Anos Depois ... Tudo Na Mesma!

MAIS DE 100 ANOS DEPOIS.....
A mesma História …… TUDO NA MESMA!!!!!

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. […]

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e corruptos, capazes de toda a maldade e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro […]

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. […]

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;

Dois partidos […] sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, […] vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se moldando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar…"

Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896.

5 comentários:

Anônimo disse...

Quando leio alguns escritores do século XIX, como Bernardino Machado, Eça de Queiroz, Guerra Junqueiro e outros, fico com a sensação que eles estão a falar do nosso presente, tal é a verdade dolorosa e talvez imutável deste País sempre tão desgovernado. Boa semana.

Anônimo disse...

A mim mais parece que o Guerra Junqueiro ressuscitou e o escreveu quando chegou novamente ao nosso País., de tal actual e verdadeira que está a sua escrita.
Há autores que estão sempre actualizados.
bjs
boa semana

Paulo disse...

A estratégia da política moderna, em democracia, pode fazer "cair cidades", mesmo as mais resistentes; mas há uma fortaleza que se mantém inexpugnável: a fortaleza interior do livre arbítrio do povo à "boca das urnas".
Paulo

Anônimo disse...

Simplesmente Belo e Completo este espaço da blogosfera. Voltarei com assiduidade e comentarei porque assim vale a pena. Nunca comentei no seu blogue antigo, mas agora que encontrei este novo... não posso deixar de o fazer, porque me faz, e sempre fez bem, o seu blogue. Boa noite amiga Manuela e PARABÉNS!

turbolenta disse...

Manuela:
o 1º anónimo de 12.03 fui eu que lhe deixei essa mensagem.
Mais uma "gatada" minha...comi a Turbolenta e saiu anónimo
bom resto de semana


bjs