Veio de manhã molhar os pés na primeira onda. Abriu os braços devagar,entregou-se ao vento. O Sol veio avisar que, de noite ele seria a Lua. Aproveitava os carinhos do mundo.Os quatro elementos de tudo. Deitada diante do mar que, apaixonado entregava as conchas mais belas tesouros de barcos à vela que o tempo não deixou voltar...
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terça-feira, 26 de setembro de 2017
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças."
(Poema de Miguel Torga)
Imagem de (O MASSACRE DOS INOCENTES)
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